A raiva é inimiga da paz
O estresse é o maior amigo da ansiedade e o maior inimigo da paz. Você é um marido muito dedicado, muito bom, mas seus nervos deitam tudo a perder. Vou sempre apoiar você em tudo, pode escrever que eu assino por baixo, só que assim, com seus comportamentos furiosos, tudo fica mais difícil.
Devo dizer que entendo muitas das suas atitudes, meu bem. Entendo de verdade, mas não posso aprovar que sua fúria – e você sabe que é monstruosa, seja maior que qualquer razão.
É que você muitas vezes está certo, só que seu jeito agressivo afasta as boas pessoas para longe.
A mim não vai afastar, não. Prometo que estarei sempre do seu lado, meu bem, mas assumo que gostava de ver você mais calmo. Gostava de encontrar paz em suas palavras.
Isso me deixaria bem feliz.
Continue sendo esse homem maravilhoso, dedicado.
Estou consigo nessa luta. Acredite que não precisa se irritar tão facilmente.
Beijo com carinho, meu bem.
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A distância nunca foi amiga de quem ama, de quem deseja, de quem quer ser feliz plenamente. Mas eu sei que vamos superar todas as dificuldades. Juntos vamos transformar a saudade em algo ainda mais forte.
Eu sinto tanto sua falta, meu amor! Às vezes chego a sentir com a imaginação seu toque no meu cabelo e seus braços no meu corpo. Em breve tudo não será mais um sonho, mas uma bela realidade. Beijo com muita paixão, meu bem!
Amir e Farid eram dois mercadores árabes muito amigos. Sempre viajavam juntos, cada qual com seus camelos, mercadorias, escravos e empregados.
Numa das viagens em que o calor se apresentava abrasador, pararam às margens de um grande rio. Farid resolveu tomar um banho e para isso mergulhou nas águas caudalosas. Fosse porque se distraísse ou porque não se apercebesse, acabou sendo arrastado pela correnteza do rio. Amir, pressentindo o risco que corria o amigo, atirou-se no rio e o salvou, embora com esforço.
Muito agradecido, Farid chamou um dos seus escravos e lhe ordenou que escrevesse numa pedra próxima, em letras grandes e profundas: aqui, com risco de perder sua própria vida, Amir salvou o seu amigo Farid.
A viagem prosseguiu. Os negócios se realizaram e no retorno, pararam no mesmo local para um descanso rápido. Começando a conversar, iniciaram uma discussão por divergência de opiniões. Com os ânimos acirrados, Amir esbofeteou Farid.
Então Farid se aproximou da margem do rio, escolheu uma pequena vara e escreveu na areia: aqui, por motivos tolos, Amir esbofeteou Farid.
O escravo que escrevera na rocha a frase anterior, ficou intrigado e perguntou: senhor, quando foi salvo, mandou gravar o feito numa pedra. Agora escreveis na areia a ofensa recebida. Por que agis assim?
Farid largou a vara, olhou o escravo e respondeu: os atos de bondade, de amor e de abnegação devem ser gravados na rocha para que todos os que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles, procurem imitá-los. Porém, quando recebermos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, bem perto das águas, para que seja por elas levada. Assim procedendo, ninguém tomará conhecimento dela. E, acima de tudo, para que qualquer mágoa desapareça de pronto do nosso coração.
Sábia ponderação de Farid. Agíssemos todos desta forma e menos ódio e malquerenças haveria sobre a terra. A gratidão seria a nota constante nos relacionamentos humanos e ninguém esqueceria o bem recebido. Igualmente, os gestos de bondade se espalhariam, pois seriam causa de imitação por muitos.
Em contrapartida, menos doenças e indisposições seriam geradas pelos homens, pois não alimentando mágoa, nem rancores, viveriam mais serenamente, o que equivale a menos propensão a enfermidades. A mágoa é sempre geratriz de infortúnios para si e de infelicidade para os outros.
Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas. No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia porque ia sair com sua mãe naquela manhã. Júlia, então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme pôr aquele brinquedo tão especial.
Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada. Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou: - Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações. Mas a mãe, com muito carinho, ponderou:
- Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa? Ao chegar a sua casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou. Você lembra do que a vovó falou? Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro, depois ficava mais fácil limpar. Pois é, minha filha! Com a raiva é a mesma coisa. Deixa a raiva secar primeiro, depois fica bem mais fácil resolver tudo.
Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu ir para a sala ver televisão. Logo depois alguém tocou a campainha. Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
- Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado. Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa.
- Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou.
E, tomando a sua coleguinha pela mão, levou-a para o quarto para contar história do vestido novo que havia sujado de barro.
Vivemos em uma sociedade que releva a importância da raiva e a beleza da vingança. Vemos isso nos filmes, na televisão, em videogames. A raiva é um veneno que desperta o animal em nós, os instintos primitivos que estão acorrentados no nosso coração.
Apesar disso, eu acredito que não é errado sentir raiva. Todos nós temos esse tipo de sentimento às vezes. Ter raiva ao presenciar alguma injustiça até pode ser bom. É sinal que não estamos dormentes e que a nossa bússola moral continua funcionando.
Errado é deixar que a raiva assuma o controle da tua vida e te leve para onde quiser. Porque a raiva é um péssimo motorista que só sabe o caminho para a destruição.
Então nunca deixe a raiva se apoderar de você, porque em poucos segundos ela pode destruir a sua vida e a de outras pessoas. Mas isso não significa que você deve ser passivo e deixar passar em claro as atitudes perversas dos outros.
As respostas não violentas são quase sempre mais eficazes, assim como um sussurro pode ser muito mais forte do que um grito.
Ataques de raiva e de mau humor produzem danos sérios nas células do cérebro, envenenam o sangue, causam insônia, depressão e pânico; suprimem a secreção dos sucos gástricos e da bílis nos canais digestivos, criando gastrites e úlceras, esgotam a energia e vitalidade, causam problemas cardíacos, provocam velhice prematura e encurtam a vida. Quando você se zanga sua mente fica perturbada e isto reflete em seu corpo que sente distúrbios. Todo o sistema nervoso se agita e você se enerva, perdendo a harmonia, a eficiência de agir, o vigor e o entusiasmo. A raiva é uma energia poderosa que precisa ser dissolvida para que você possa ser mais livre e saudável.
Colocar a raiva para fora apenas agrava esta emoção negativa e a faz crescer ainda mais. Se deixarmos isto sem controle, expressando nossa raiva cada vez mais, ela não vai se reduzir e sim aumentar, gerando mais dor e inquietude para nós.
(Emilce Shrividya)