A solidão não pode ser superada
A tristeza sempre pode ser superada, o que me derruba é a solidão.
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Nem toda a gente pode ser médico, pois não é qualquer um que consegue abarcar o conhecimento, o carinho e o humanismo necessários para cuidar de quem está doente.
Eles são o ombro em que nos apoiamos quando as lágrimas nos escorrem pelo rosto, são a mão forte que nos segura quando sentimos que não temos forças, são a cura para os nossos males e são a esperança e a crença de que tudo vai passar e de que tempos melhores virão.
Não é qualquer um que pode ser médico, mas qualquer um de nós pode precisar dos seus cuidados e é precisamente por isso que agradeço a todos os médicos por cuidarem de nós.
Com cada vez mais estímulos e possibilidades de encontrar a felicidade, ainda existem muitas pessoas que engrandecem a solidão, mesmo quando momentos de alegria estão longe se ser uma realidade.
A tecnologia está nos deixando cada vez mais independente, o problema é que esta autonomia nos ensinou que a solidão já não é algo optativo e sim naturalmente estabelecido. O contato físico com outras pessoas deixou de ser relevante, computadores, tablets e smartphones viraram intermediários obrigatórios para os mais diversos tipos de diálogos.
Passamos a apreciar a solidão e nos permitimos cada vez mais a continuar vivendo em um mundo individualista e solitário. Não podemos excluir das nossas vidas os benefícios trazidos pela interação entre pessoas, que jamais serão completamente substituídos.
Precisamos abraçar a solidão um pouco menos, e valorizar mais as boas sensações que o contato humano nos permite, curtindo as mais verdadeiras relações e todos os conflitos que não deixam nosso aprendizado tão restrito.
Uma pessoa pode sentir-se sozinha quando está longe de suas pessoas queridas, quando não tem (ou pensa que não tem) amigos, pessoas que a entendam, lhe deem carinho, atenção, quando termina um relacionamento afetivo, perde um ente querido... São muitas as possibilidades que trazem o sentimento de solidão.
Mas, a pior solidão que alguém pode sentir é a de não ter a si, estar distante de seu interior, de sua verdade, não saber quem é. Quando não sabemos de verdade o que somos, o que queremos, nos sentimos perdidos e sozinhos. Ora, nem nós mesmos nos conhecemos, por conseguinte, não conseguimos saber ao certo o que somos e queremos, não somos companheiros de verdade da gente. Não agimos seguindo decisões e desejos autênticos, somos levados pela opinião dos outros, pela vida ou por valores que estão dentro de nós mas que aí se instalaram vindo de fora, com nossa permissão, claro, mesmo que inconsciente, mas não representam nosso eu verdadeiro.
Alguém nesse estado pode estar rodeado de gente que a ame, dê apoio, compreensão, mas mesmo assim estará se sentindo só, muito, desesperadamente até. Uma solidão que nada que vem de fora pode aplacar de verdade se algo não for feito pela própria pessoa que se sente solitária.
É muito ruim olharmos para dentro de nós e encontrarmos ideias confusas, valores duvidosos, falta de autoconfiança criada por mensagens incorporadas vida afora e pelo não conhecimento de nossa real identidade. Se eu não sei quem sou verdadeiramente, não me conheço, não sei me ajudar, me acompanhar, me amar.
Essa profunda solidão, da ausência do eu verdadeiro, provoca imensa instabilidade e dor. Muitos distúrbios afetivos podem daí advir, como a depressão, por exemplo. Quem passa ou passou por isso sabe como é duro viver nessa condição. E às vezes nem todo o apoio externo a suaviza.
O caminho para resolver essa solidão interior é voltar-se para dentro, cada um em seu tempo, de seu jeito, às vezes procurando a orientação de alguém habilitado, e tentar resgatar seu eu autêntico, suas vontades, preceitos, qualidades e aptidões que podem estar esquecidos lá no fundo, encobertos por toneladas de elementos errôneos, pensamentos exteriores de qualidade duvidosa e mensagens negativas que se permitiu que estacionassem no íntimo do ser.
Esse trabalho de autoconhecimento e redescoberta, de resgate do eu verdadeiro, nos aproxima mais de nós mesmos, de nossa verdade. Vamos nos achando de novo, percebendo o que temos feito que está ou não de acordo com o que realmente queremos e precisamos. Esse resgate, invariavelmente, faz com que reconheçamos nossas verdadeiras qualidades, limites também (e esses concluímos se podem e devem ser superados, quando e como). Vamos limpando o interior do que não é nosso e percebendo o que de bom temos, vamos reaprendendo a nos gostar.
Assim, começamos a nos nortear novamente na existência, mais seguros, mais senhores e companheiros de nós, mais centrados, com mais autorrespeito, autovalorização. Nos amando e conhecendo mais, sabendo pelo que queremos lutar sinceramente; temos para onde olhar quando procuramos respostas e referências: dentro da gente. Somos uma grande companhia e amizade para nós mesmos, não estamos mais sós. Quando tenho a mim, sinceramente, não me sinto só nem desorientado, Posso ficar confuso às vezes, mas sei como parar, refletir e encontrar o rumo novamente.
Não me sentindo mais só, com falta de mim, posso perceber melhor a vida (e aprender melhor com a leitura que faço dela), seus acontecimentos, as pessoas a meu lado e o que têm de bom a me oferecer. Fico cada vez mais aberto e firme, melhor para viver minha relação comigo e as relações interpessoais de todos os tipos (profissionais, familiares, afetivas, etc.). Fico cada vez mais distante da solidão.
(Marcus Facciollo)
(Portal da Psique)
Por estarmos acostumados a viver rodeados de tantas pessoas, podemos muitas vezes relacionar a solidão como algo negativo ou restritivo. Como se permanecer algum tempo sozinho não pudesse ser prazeroso, muito menos originar alguma alegria.
Nem todo mundo visualiza a independência como algo fácil ou instintivo, para muitos, fazer algo sozinho é como se fosse uma tortura, vendo a solidão sempre como o pior de todos os caminhos. O problema é que infelizmente, em algumas situações, somos obrigados a fazer nossas escolhas sozinhos e com o passar dos anos isto se torna cada vez mais constante e inevitável.
Temos que lembrar que a cada etapa que ultrapassamos durante a vida, temos sempre um pouco da nossa dependência diminuída. Com o tempo todas aquelas atividades que dependiam da presença de outra pessoa para serem executadas, como nos locomover ou comer, passam a serem feitas com total autonomia.
Passar algum tempo sozinho não deve ser visto sempre como algo negativo, a vida é muito imprevisível para dependermos de outra pessoa para o que quer que seja nesta vida. Sozinhos aprendemos um pouco mais de nós mesmo intimamente, e tal fato deve ser visto como algo positivo sempre.
Nem todas as pessoas se sentem confortáveis quando estão sozinhas, necessitam sempre de alguém ao lado, mesmo que não seja o melhor tipo de companhia. Ficar só por alguns momentos também tem os seus benefícios e não deve ser visto sempre como algo desagradável e penoso.
Temos que aproveitar da melhor forma possível todos os momentos que nos é dado, pois como tudo na vida, um pequeno período de solidão também tem seu lado positivo, e muitas vezes pode lhe trazer muitos sorrisos.
Tornar estes momentos solitários agradáveis não é tão difícil quanto parece, se passar muito tempo desacompanhado é angustiante para você, quando estiver sozinho, aproveite para realizar aquelas atividades que dependem exclusivamente de você e não pode ter a interferência de ninguém.
Veja a solidão com bons olhos e guarde bons momentos para dividir apenas como você mesmo. Deixe a felicidade entrar na sua vida também quando estiver sozinho, e certamente estará muito mais leve para aproveitar os momentos que estiver acompanhado.