Não há gota de água que se repita
Nas fortes ondas de mar salgado
Tal como não se repete a vida
De quem partiu para jamais voltar
São as leis irracionais existentes
Neste mundo sanguinário e doce
Que expulsa quem amamos e
Quem nem gostamos tanto assim
Que leva para longe eternamente
E deixa lágrimas nos olhos meus
É triste aceitar a morte na vida
Lidar com a realidade que acaba
O que tanto quisemos preservar
É a vida que é mesmo assim
Não tem lógica nem motivo
Simplesmente se nasce e morre
Esperei do amor o melhor,
Esperei a felicidade e a paixão,
Que me arrebatasse, me prendesse,
Me renovasse, me estremecesse,
Fizesse bater meu coração mais forte,
Mas esse amor apenas acabou
O destroçando.
Entre expectativas irreais
E sonhos que nunca se concretizaram,
A vida se encarregou de me ensinar
Que não vale a pena confiar
Em quem não tem capacidade
De cuidar, de segurar sua mão
Com compromisso e lealdade.
Agora limpo minhas lágrimas,
Apenas me resta cuidar das cicatrizes
E tentar esquecer um passado
Que afinal não tinha futuro,
Não tinha verdade, tampouco intenção
De me fazer feliz
Como eu merecia ser.
As dores do coração não têm fim
nem os desejos de não chorar ou
as infinitas vontades de sorrir de
novo como no tempo em que
amar era permitido e não amar
proibido. Vou curar esta dor que
carrego na alma e se expande
até ao peito; esta dor infinita
que machuca por dentro e eleva
dos meus olhos um inteiro mar
de lágrimas azedas e salgadas.
Vou curar esta dor que assalta
minha mente, que destrói minha
alma até à exaustão. Talvez
seja dor de amor incondicional
ou talvez não, eu ainda não sei
É de manhã e as lágrimas
caem molhando meu rosto
e fazendo do solo meu rio
aquele rio que piso todos
os dias e todas as noites
enquanto procuro alegrias
que jamais serão minhas
É de noite e continuo aqui
chorando e implorando
um pouco de paz e amor
para este coração cansado
de sofrer e de correr atrás
do que jamais estará de
olhos abertos em mim