O problema é quando você abdica do amor-próprio para amar alguém. Quando a paixão prejudica seu discernimento e faz você abdicar dos seus próprios interesses para agradar alguém que acaba por demonstrar indiferença. O problema é quando você aposta tudo por um sentimento que não se revela recíproco, quando confia seu coração a quem ama, mas no final ele acaba destroçado.
E há um momento em que tudo chega ao fim, e nem nos apercebemos que o amor já é uma utopia, uma tentativa desesperada de um dos seus intervenientes resgatar um relacionamento que o outro fez questão de descartar. Há um instante em que olhamos para o que restou dele e só vemos as feridas de um coração despedaçado, e os sonhos e planos defraudados, e uma decepção amorosa capaz de permanecer durante muitos anos.
Por mais que eu tente, que eu me esforce para pensar em outra coisa ou que ocupe minha mente, nada faz com que eu esqueça o amor que eu um dia tive.
Aquele amor que não era perfeito, mas que descobri depois que não precisava ser. O amor que um dia eu critiquei, que desdenhei por não entender, fiz pouco caso, não soube cuidar.
Um amor que merecia muito mais de mim, que recebeu pouco mesmo sabendo que eu tinha muito mais para dar.
Joguei fora o que de melhor tinha, um amor sincero e puro que antes não soube enxergar, mas agora entendo que é tarde e o que me resta é esquecer de que um dia já tive a chance de amar.
Para entender o que é amor é preciso um dia perdê-lo, pois só quem um dia sofreu por amor sabe que para toda felicidade que ele é capaz de trazer há também um sofrimento profundo em saber que em qualquer momento ele pode acabar. Amar é perder, doa a quem doer, custe o que custar.